sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Mais devaneios

Escrito em Porto Alegre, na sexta-feira, 21 de dezembro de 2007. À tarde.

Estou sentado em minha cama. Caderninho eletrônico à frente, televisão ligada - coisa rara aqui em casa. O sol entra pela janela à direita da cama. Na rua está um calor insuportável. Não tenho nada para dizer, mas como o Paul disse um dia, às vezes basta a gente engatar a primeira que, de repente, sai alguma coisa.

Estou de ressaca. De várias coisas... Na TV, o Multishow mostra um programa em que o Beto Lee tenta contar a história do rock tupiniquim. Fala dos últimos discos lançados por sua mãe como se eles tivessem alguma relevância...

Pelo que estou entendendo pelas chamadas nos intervalos, é uma série. Chama-se "Que rock é esse?". Em programas anteriores, ele fez uma retrospectiva do gênero, no Brasil, até chegar nos "atualmentes", neste. "O principal nome do rock brasileiro dos anos 2000 supreendeu a todos e, mesmo no auge, resolveu dar uma pausa na carreira", a voz amena de Beto suaviza a lembrança dessa que foi a pior notícia de 2007. "E no próximo bloco: que emo é esse?"... Há horas insisto com um roqueiro amigo meu que o rock brasileiro fez essa pausa junto com Los Hermanos. Entrou em recesso também. O que sobrou agora? Esses emos?

"CPM22, Detonautas, Nxzero... Quando as gravadoras contrataram essas bandas é porque queriam um novo Charlie Brown Jr", disse o editor-chefe da Rolling Stone Brasil no especial. "Esse cara, o vocalista do Nxzero. Ele disse que a música 'Razões e emoções' foi feita em 5min, que foi vomitada. Óbvio que foi vomitada, olha a pobreza da letra, da melodia...", completa.

"Essa geração é mais forma do que conteúdo", disse o Dinho Ouro Preto. "A nossa tinha letristas como o Cazuza, como o Renato. A imagem não era importante, o importante era o que era dito. Hoje tudo é bem gravado, bem feito, eles já sabem que roupas vão usar, etc", completou.

Fiquei pensando nisso. A agressão do Chorão ao Camelo, por ter feito uma crítica - que nem era direta - a uma banda numa propaganda de refrigerantes, acabou se tornando um tanto emblemática. Era a revolta da forma contra os últimos suspiros do conteúdo. Mas estes são só devaneios.

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