segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Da arte II

Talvez Benjamin, Adorno e Horkheimer hoje divergissem no momento de optar entre adquirir ou não um cedê original - ainda acho estranho falar cedê "original", assim como para mim estranho é pedir uma Coca "normal"...

Eu nem lembro deles quando faço essa escolha e me sinto o último dos consumidores desse formato no mundo. As pessoas caçoam.

Porém todo o risco de ser alvo dos dedos indicadores dos outros ao carregar um cedê por aí se justifica, ao menos para mim, porque se pode apreciar a obra em todas as suas matizes.

Comprei o Sou, disco solo do Marcelo Camelo, há dois dias, apesar de 10 das 14 faixas já tocarem no meu iTunes, no meu celular, no meu som há um mês.

Porque a forma é importante.

Porque alguém que manda grafar "nós", com tipo de máquina de escrever, na capa de um disco, e vira de cabeça para baixo para chamar de "sou" quer trasmitir alguma mensagem se valendo da forma.

Porque a ordem em que as canções se nos apresentam define densidade e ritmo.

Porque eu sou adepto de uma atividade que muitos já abandonaram e outros nunca souberam do que se tratava: escutar música. Que é diferente de ter trilha sonora para se fazer algo.

Porque cada instante desse disco merece contemplação. E o artista deixa isso claro quando valoriza todos os segundos de silêncio que ele traz.

Porque alimenta outros sentidos, que não somente a audição.

*Da arte I

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