sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Da arte

“O homem precisa de arte porque além de ter nervos e músculos tem uma coisa que se chama alma. E a arte é a maior carícia para a alma. Por isso ele sempre praticou esses exercícios do espírito. Praticou ou contemplou. Porque a arte é prazer para quem a faz e para quem a observa. E o homem necessita desse prazer. Para quem a pratica é o prazer de externar seus sentimentos. Para quem a contempla é o prazer de ver o belo ou de reconhecer, no sentimento do artista, seu sentimento.”
Caetano Veloso, 30/10/1960

Se eu pudesse dar outro nome ao blog, seria “Manifesto pelo fim da superficialidade” ou coisa parecida. Me deixa bastante aborrecido a maneira superficial com que muitos encaram a arte, a política, a própria educação, a recepção da informação que chega aos seus ouvidos todos os dias. Como ocorre aqui mesmo, quando escrevo posts longos. A preguiça em procurar alguma profundidade na informação recebida é uma doença contagiosa e amplamente disseminada na sociedade. E a arte é um bom exemplo disto.
A arte deve ser sentida em primeiro lugar, contudo também deve ser analisada, discutida e, principalmente, contemplada SEM PRECONCEITOS. Para que se possa, como Caetano falou, reconhecer, no sentimento do artista, seu sentimento.
Ao que parece, o importante hoje são as sensações. Se dá pra balançar pro lado e é fácil pra você e eu e todo mundo cantar junto, a música é boa. Se deixa a gente tenso na cadeira ou enche nossos olhos de efeitos, o filme é bom. Mas a sensação é a primeira camada desta epiderme. Vamos nos permitir, esquecendo os preconceitos, observar mais um pouco, ouvir com mais atenção, envolvermo-nos com a obra do artista, para chegarmos então, àquela sensação maior, e melhor, de contemplá-la em toda a sua plenitude.
Profundidade. Em tudo. Afinal, nós somos a elite de pensamento deste país. E a elite não pode ser igual à massa de manipulação. A elite deve ser profunda no que pensa e no que faz.

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