domingo, 29 de janeiro de 2006

Horizonte Distante


(foto tirada por mim entre Pelotas e Canguçu)
INDO AO PAMPA
Vitor Ramil

Vou num carro são
Sigo essa frente fria
Pampa a dentro e através
Desde o que é Libres sigo livre
E me espalho sob o céu
Que estende tanta luz
No campo verde a meus pés
O que vejo lá?
Mata nativa instiga o olho
Que só visa me levar
Sobe fumaça branca
E a pupila se abre pra avisar
Se há fumaça, há farrapos por lá
Eu acho que é bem
Eu indo ao pampa
O pampa indo em mim
Quase ano 2.000
Mas de repente avanço
A mil e oitocentos e trinta e oito
Eu digo avanço porque é claro
Que os homens por ali
Estão pra lá dos homens do ano 2.000
Oigalê, que tal!
Sou o futuro imperfeito
De um passado sem lugar
Com a missão de olhar pra tudo
E em tudo viajar
Pra não ser só um cego
Num espaço sem ar
Eu acho que é bem
Eu indo ao pampa
O pampa indo em mim
Diz um capitão:
“Seja bem vindo, hombre
Nosso tempo é todo teu
Tempo de morte, dor e fome
Mas tempo de pelear
Onde as idéias
Não são cegas sem ar
Só vou te pedir
A montaria, exausta
Não consegue mais andar
Que a partir de agora
Seja nosso o carro em que estás
Pois só um carro são
Nos pode levar”
E lá vamos nós
Seguindo a frente fria
Pampa a dentro e através
Séculos XIX e XXI fundidos sob o céu
Que estende tanta luz
No campo rubro a meus pés
Eu acho que é bem
Eu indo ao pampa
O pampa indo em mim

2 comentários:

Anônimo disse...
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