Manhã Transfigurada

Silêncio. Escuridão. Sono tranqüilo. As horas passam. A noite vai passando vagarosamente... Nos sonhos parece que o tempo pára.
Ele lembra que até bem pouco antes de dormir bebeu alguns poucos goles de cerveja, um pouco de refrigerante e comeu bem (formatura do amigo Háreton), tão bem que poderia causar uma forte insônia, porém sucedeu-se justo o contrário: o mais tranqüilo e reconfortante dos sonos.
Para despertá-lo apenas um alarme: seu telefone móvel. “Acordar: 07:00. Fechamento dos portões: 07:45. Início das provas: 08:00”. Fosse naqueles idos de 1999/2000, vários vestibulares: UFRGS, UFSC, FURG, PUCRS; seriam 3 despertadores, certo nervosismo e muita ansiedade! Mas agora, macaco velho de tantos concursos, não precisa destas coisas.
Lá pelas primeiras horas da manhã, destas em que a claridade começa a penetrar no quarto, ele sente uma inquietude, um pouco de calor... Destapa-se. Tapa-se. Destapa-se. Vira-se. Desvira-se. Revira-se. “Ah, não! Já não aproveitei a festa, já vou perder o domingo inteiro, agora quero meus últimos minutos de sono! O despertador ainda não tocou, não sei se tenho 10, 30 ou 50 min, mas são meus, são para dormir!!!”
Já convencido de que ao menos uma ida ao banheiro era providencial e necessária àquela altura, ele descerra os olhos. Procura, com as mãos e ainda olhando para o teto, o celular. Posiciona-o em frente aos seus olhos embaçados. Abre o flip (hábito de que o Vidal tanto gosta). Na tela o relógio digital indica: 07:50. Pisca várias vezes, esfrega as pálpebras. 07:51. PUTAQUEPARIUPUTAQUEPARIUPERDIAPORRADOVESTIBULAR!