domingo, 7 de setembro de 2008

Aturdido

Uma explosão. Foi o que ouvi.

Conforme fui transcendendo a limitada percepção que o sono me impunha, meu entendimento sobre o que estava acontecendo foi mudando.

Um edifício caindo... Caindo sobre o meu só se fosse. As janelas vibravam com ainda mais intensidade que na noite anterior, quando o tal ciclone extratropical quase me deixou sem uma veneziana. Mas os estouros continuavam. Bam! Bam! Bam! (nunca fui muito bom em onomatopéias) E eram sistemáticos. Se fossem prédios, seriam vários no entorno deste. O meu era o próximo??

Eram tiros. Sim, tiros! Partindo de muitas armas ao mesmo tempo. Me senti num morro carioca. Antes que eu conseguisse compreender de onde vinham, os disparos cessaram. Voltei a dormir.

Cerca de nãofaçoamínimaidéiadequantotempo depois, outro estrondo. Os vidros quase trincaram. Meu coração em taquicardia e meu corpo despertaram em questão de centésimos de segundo. Era um avião. A poucos metros de minha frágil janela. Bom, que eu lembre não andei escrevendo nada contra algum fundamentalista... Já pelos meus três vizinhos aqui do prédio não ponho a mão no fogo.

Mas passou. E passaram outros. Meu sono pegou carona num deles e foi dar uma volta pelos céus de Porto Alegre. Ouvi o som dos metais de uma banda marcial. Discursos. Aplausos.

É sempre assim. Todo ano me esqueço que moro a uma quadra do desfile de 7 de setembro.

Independência ou Morte!, de Pedro Américo

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